Quando a imagem e a palavra salvam vidas
- Innovarum Consultoria e Capacitação
- 23 de mai.
- 2 min de leitura
Atualizado: 31 de mai.

Hoje nos despedimos de Sebastião Salgado (1944–2025), mineiro de Aimorés, fotógrafo de alma inquieta e olhar cortante, que partiu aos 81 anos deixando para o mundo não apenas imagens, mas alertas. O mundo da fotografia silencia por um instante, enquanto o mundo da consciência social ecoa a potência de sua obra.
Sebastião retratou a dor dos invisíveis, o abandono dos esquecidos e a urgência das causas que muitos evitam. Foi no campo, entre poeira, sangue e esperança, que ele moldou sua linguagem. Um corpo marcado pela malária, contraída nos limites da Indonésia, foi o aviso final de que seu tempo em campo havia terminado. Mas seus registros não. Estes seguem vivos.
Entre tantas obras, uma nos atravessa com força especial: a imagem de uma mãe no Sudão do Sul, autorizando que seu filho recebesse a gotinha contra a pólio, mesmo entre vozes que diziam ser veneno. Essa fotografia não apenas capturou uma cena. Ela eternizou uma decisão – entre o medo e a esperança, venceu a coragem.

E é aqui que entra o segundo personagem desta homenagem: Shmuel Datum (in memoriam), rotariano do Rotary Club do Rio Comprido, no Distrito 4571, que nos deixou durante a pandemia de Covid-19. Em uma das reuniões mais marcantes do Rotary Club de Nova Iguaçu-Leste, Shmuel esteve presente entre nós – com olhos vivos, gestos vibrantes e uma presença que contagiava.
Trouxe consigo um acervo com campanhas históricas do Rotary no Rio de Janeiro — registros preciosos que guardava com zelo e entusiasmo. Suas palavras não vinham apenas da memória, vinham da paixão de quem viveu para servir. Ele nos ensinou, com brilho nos olhos, que campanhas de saúde pública não morrem — se renovam. E que, mesmo diante do desânimo ou da baixa adesão, não devemos desistir. Porque há sempre alguém que precisa ser alcançado. E vale a pena.
Foi ele quem nos apresentou, entre tantos legados, à obra de Sebastião Salgado sobre a erradicação da pólio. Dois homens que jamais se encontraram, mas que trabalharam — cada um a seu modo — pela mesma causa: salvar vidas através da comunicação.
Refletimos, então, sobre o real papel da comunicação: ir além da estética, além do discurso bonito. É preciso criar pontes entre a dor e a solução, entre a dúvida e o esclarecimento. Um mostrou. O outro explicou. Ambos tocaram almas.
Hoje, quando o conteúdo de valor compete com o vazio dos feeds, é urgente lembrar: houve um tempo em que a comunicação exigia presença, coragem e entrega. E houve homens que deram tudo isso de si – para que, no fim, uma única criança fosse vacinada. Para que um único ser humano não fosse deixado para trás.
Não há perfeição nas instituições, nem nos homens. Mas há atitude. Há legado. E há história.
Hoje, com humildade e gratidão, prestamos nossa homenagem àqueles que transformaram a comunicação em instrumento de justiça. Que possamos, todos nós, merecer estar no mesmo caminho.
Комментарии